quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Agenda

Olá a todos! 
Para recomeçarmos em 2011 segue dois eventos que ocorrem em maio de 2011 e relacionam-se às questões africanas.

I Encontro Internacional de Estudos Africanos

O campo de estudos africanos vem se desenvolvendo rapidamente no Brasil nos últimos anos. Tal desenvolvimento pode ser vislumbrado na ampliação do número de professores especialistas nos departamentos de universidades públicas e privadas, no aumento significativo do número de doutorados defendidos relacionados com a área e no surgimento de espaços de debate e discussão das pesquisas em âmbito regional e nacional.
Assim, pretendendo estabelecer um fórum permanente de discussão de temas relativos à história da África, e fomentar a consolidação deste amplo campo de pesquisas, o NEAF (Núcleo de Estudos Brasil-África) e o Departamento de História da Universidade Federal Fluminense convidam pesquisadores em vários níveis de formação à participar do Primeiro Encontro Internacional de Estudos Africanos da UFF, em Niterói nos dias 24, 25 e 26 de maio de 2011.

As inscrições são gratuitas e o evento não fornece cobertura de custos aos participantes. A chamada de trabalhos para o Encontro estão abertas até o dia 21 de fevereiro.
Os resumos expandidos (de até 4,5 mil caracteres) deverão ser enviados para o endereço de e- mail semanadaafricauff@yahoo.com.br, na formatação: Arquivo “.doc” ou “.odt”; fonte Times New Roman, tamanho 12; espaço entre linhas de 1,5. No resumo deverá constar o nome do/a autor/a, sua filiação institucional e o maior nível de formação. Os aceites dos trabalhos serão enviados entre os dias 28/02 e 04/03/2011. 



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Griots 2011: II Colóquio Internacional de Culturas Africanas

Apresentação
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem doDepartamento de Letras realizarão no período de 25 a 27 de maio de 2011, na cidade de Natal-RN, o II Colóquio de Culturas Africanas – Griots, dando assim continuidade à iniciativa que em 2009 organizou o I Colóquio de Culturas Africanas: Linguagem, Memória e Imaginário.
Esse evento oportuniza diálogos importantes entre professores, pesquisadores, discentes e escritores interessados em discutir questões envolvendo África, A segunda edição do Colóquio “Griots” traz novos desafios não apenas envolvendo questões voltadas à literatura africana, mas visa ampliar debates sobre a importância das mídias em torno da luta contra todo tipo de violência, preconceito e racismo.

Eixos temáticos
1) Arte de Rua: Instalações, Grafites, Artes Plásticas, Zines, Quadrinhos etc;
2) A Mitologia dos Orixás: Terreiros de Candomblé;
3) Cinema Contemporâneo: Da diversidade étnico-racial, cultural, política, religiosa e sexual;
4) Diáspora, literaturas: afro-brasileira e afro-americana;
5) Geografias Literárias: Cartografias Culturais;
6) Linguagem, Carnavalização, Dialogismo;
7) Linguagem, Oralidade, Memória;
8) História e África;
9) Literatura e Filosofia: da condição “pós-moderna”;
10) Literatura e Semiótica: poéticas contemporâneas;
11) Literatura e Sociologia: Cenário de Violência contra a Mulher;
12) Novas Tecnologias, outras mídias, blogs, orkuts, jornais etc;
13) Quilombos - Quilombolas;
14) Performance, Música, Poesia;
15) Práticas Discursivas, Alteridades, Etnias, Gênero, Sexualidade;
16) Teatro e Dança;
17) Infância, violência, pós-colonialismo.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Opinião & Reflexão

NADA DE NOVO NO FRONT

A obra do escritor alemão Erich Maria Remarque, que dá título a esse texto, apontou em grande medida os acontecimentos mediáticos-documentais das últimas semanas. E, em um diapasão semelhante àquele que o protagonista, Paul Baümer, tornou-se notório, ou seja, o sofrimento e o vazio que sentia ao retornar após o duro front alemão no decorrer da Grande Guerra, atualmente, constrói-se ou menos tentam impor como tal, a dificuldade e a incompreensão perante uma nova condição na utilização de mídias.
A partir de 28 de novembro passado, veio à tona uma série de documentos diplomáticos publicados pelo australiano Julian Assange em seu portal Wikileaks (www.wikileaks.org). Inicialmente os cables, relatos feitos por diplomatas desde os locais em que estão em missão, contém, em sua maioria, opiniões de diplomatas a respeito de condições políticas dos locais em que estão em missão. E, são em sua maioria, subjetividades sobre o caráter de líderes e situações do que propriamente informações objetivas e documentadas. Para completar, na última semana, foram publicados papéis que abordam questões estratégicas, principalmente as relativas aos Estados Unidos.
Muitos desses documentos foram classificados pela imprensa mundial e pelos próprios governos como algo que poderia afetar a segurança individual ou coletiva de cada um dos países. E, que também, poderia provocar reações de amplitudes inimagináveis.
No entanto, existem elementos muito mais importantes para reflexão do que pensar sobre os “segredos” desses documentos.
Por um lado, até o momento, nenhum dos documentos apresenta realmente uma novidade em termos de política ou estratégia militar. Grande parte dos documentos apresenta temas que já foram amplamente cobertos pela mídia e até confirmados pelos respectivos países. Como as práticas de tortura feitas pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, amostras do conservadorismo do Vaticano e a problemática no Oriente Médio. E, convenhamos, a divulgação dos pontos considerados estratégicos para os Estados Unidos ao redor do mundo não é novidade para ninguém. Afinal, qualquer manual de guerra, por mais mixuruca que seja, indica que os primeiros locais a ser atacados devem ser aqueles relacionados à infra-estrutura, fontes de energia e áreas que envolvem o deslocamento de grandes contingentes de tropas, ou seja, portos e aeródromos. Ou seja, não trazem subsídios documentais que ameaçam a soberania de qualquer Estado.
Por outro, aponta-se o controle a que a Internet é constantemente submetida. Ou seja, o chamado “território livre” da comunicação não existe, é apenas mais uma abstração. Logo após as suas primeiras publicações, as grandes corporações presentes na rede expuseram o quão rápido é possível impetrar ações de cerceamento de escrita. Em uma ação coordenada entre governos e empresas, tentaram cortar os fundos de arrecadação do Wikileaks, por meio do encerramento da sua conta do PayPal, serviço hegemônico de pagamento eletrônico; e, a proibição da utilização dos servidores da Amazon.com, para sediar o sua base dados. E nos últimos dias, houve até mesmo o fechamento da conta-corrente de Assange na Mastercard.
E, na maioria dos periódicos e portais, as formas de controle que sugiram com o episódio do Wikileaks foi sumariamente negligenciado e muitas vezes com a concentração de análises na ousadia de se abrir a “Caixa de Pandora” da diplomacia.
Sinceramente, até o momento não vi nenhuma informação relevante nas publicações. As grandes teorias conspiratórias ainda resistem ao Wikileaks. Afinal, quem matou JFK? Existem ET’s na Área51? Elvis Presley não morreu?
Enquanto não for publicado ao menos uma resposta, das perguntas do parágrafo anterior (principalmente sobre o Elvis), o Wikileaks não traz nada de novo ao front.

Fernando F. Camargo é professor de História Contemporânea da Unicastelo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Historiografia & Fonte

A seção "Fonte & Historiografia" tem como objetivo apresentar fundos documentais e publicações online. Em sua estréia, indicamos a página do CPDOC/FGV. O afamado centro de pesquisa fluminense publicou um dossiê a respeito da Revolução de 30 com  disponibilização de subsídios documentais,  produção acadêmica da instituição sobre o tema e uma entrevista com o Boris Fausto.

Desfrutem!

http://cpdoc.fgv.br/revolucao1930

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Artigo



República

A Abolição da Escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889 compõem a mesma circunstância histórica. Representam a queda de nosso antigo regime – monárquico, escravocrata e latifundiário – e o nascimento da modernidade brasileira.
O Brasil, como se sabe, foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão. A ruptura com a instituição escravocrata foi operada no Parlamento, com ares de sofisticação, onde se cogitou a hipótese de indenizar os proprietários, em linha com o radicalismo conservador do andar de cima, sempre pronto para defender o direito à propriedade, o direito mais caro aos liberais brasileiros. Não se chegou a tanto. Mas a Abolição não previu aos libertos nem terra, nem escola, nem qualquer tipo de direito, senão o de simplesmente existir, como erva daninha.
A República – proclamada por militares, que à época não participavam dos círculos de elite – nasceu sem povo. Não houve conflito armado, nem derramamento de sangue, pelo menos não no dia 15 de novembro. Muitos militares, sobretudo os jovens oficiais da Escola Militar, liderados por Benjamim Constant, acalentavam expectativas jacobinas, reformadoras. Se essa era uma das alas da agitação liberal, a outra tinha seu epicentro político em São Paulo e foi liderada pelos proprietários paulistas. Reunidos em convenção, na cidade paulista de Itu em 1873, os republicanos paulistas sequer mencionaram a abolição da escravatura, o que sugere o quão conservadora nasceria a República brasileira. Após dois presidentes militares, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, em 1894 o primeiro civil paulista assumiria o poder. A referida convenção de Itu havia ocorrido justamente na casa do então deputado Prudente de Morais.
Com a constituição de 1891, ficou estabelecido que o voto fosse “universal”, como sugeria o figurino liberal. Mas estavam excluídas as mulheres, os analfabetos, os menores de 21 anos, os militares de baixa patente, as pessoas que não tivessem endereço fixo. O voto não era secreto. E o colégio eleitoral era formado por menos de 2,5% da população. Sérgio Buarque de Holanda dizia que o verdadeiro império dos fazendeiros (paulistas) foi na República Velha – um período oligárquico, patrício e profundamente conservador.
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            Fala-se em “política do café com leite”, em alusão aos acordos entre as elites paulista e mineira. A rigor, era uma política com muito café e pouco leite. A fração de classe que detinha o domínio político e econômico do país eram os cafeicultores do Sudeste (não havia essa expressão à época), espalhados pelos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e, no período correspondente à República Velha (1889-1930), principalmente no estado de São Paulo.
A oligarquia paulista, com seus sócios menores, governou o Brasil, quase sem contestação, até 1930, quando Getúlio Vargas assumiria o poder, representando, apesar dos pesares, um sopro de vida a oxigenar a República.

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Não houve sangue no dia 15 de novembro, é verdade, mas não faltou violência a encharcar a República que os militares proclamaram e a elite cafeeira de São Paulo herdara. A Revolta da Armada, no Rio, em 1991, e a Revolução Federalista, no Sul, entre 1893-95 são apenas dois exemplos, entre muitos outros. No entanto, o verdadeiro batismo de sangue viria do sertão baiano, com a Guerra de Canudos, onde o exército republicano, representante do Brasil litorâneo, dito moderno, esmagaria os sertanejos, ditos jagunços e primitivos. No final da guerra, a República estava consolidada. E a consciência nacional estava perante um crime.
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Antonio Conselheiro e seus seguidores, que erravam pelo Nordeste, em 1893 se instalaram, às margens do rio Vaza-Barris, nos arredores da Fazenda Canudos, no sertão da Bahia. A região, embora ocupada desde o século XVIII, era quase um vazio demográfico. O verdadeiro milagre do Conselheiro foi atrair homens e mulheres pobres de todos os lados. Em poucos anos, a aldeia de Canudos – ou Belo Monte, como seus moradores a rebatizaram – contava com 25.000 habitantes, ou seja, segunda mair concentração urbana da Bahia. Uma população colossal para a época. Seu advento deixou os fazendeiros da região, o governador da Bahia e a Igreja em pânico.
Não demorou e as escaramuças começaram. Depois de duas expedições derrotadas, Canudos tornou-se uma questão nacional. O governo federal, temendo pela integridade da República, face ao discurso monarquista do Conselheiro resolve atuar. Ao coronel Antônio Moreira César, considerado pelos militares um herói, foi confiada a missão de liquidar os “fanáticos”.  A notícia da chegada de tropas à região atraiu para lá um grande número de pessoas, que partiam de várias áreas do Nordeste, imbuídas de uma missão: defender o Conselheiro.  No dia 2 de março de 1997, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pelos ataques relâmpagos dos “jagunços”, um exército de 1.300 homens assaltou o arraial. Moreira César foi morto em combate e a expedição foi obrigada a retroceder em debandada.
No Rio e em São Paulo a repercussão foi intensa. Se atribuía ao Conselheiro a intenção de restaurar a Monarquia. Jornais monarquistas foram empastelados. O ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, em pessoa resolve preparar a quarta expedição, composta de duas colunas, ambas com mais de quatro mil soldados equipados com as mais modernas armas disponíveis à época. O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, quando morreram os quatro últimos e derradeiros defensores, depois de um massacre feroz. Canudos não se rendeu. Lutou até o esgotamento físico. O cadáver de Antônio Conselheiro, que havia morrido de morte natural poucos dias antes, foi exumado e levado a Salvador.
A República vencera! Enfim, o batismo de fogo legitimou os heróis republicanos. Os inimigos vencidos não foram os velhos Barões do Império. Nem ministros do Imperador. Nem senhores de terra e escravos. Mas homens e mulheres pobres, mestiços, caboclos, cabras, mulatos, sararás. Todos magros e fortes, rústicos e mestiços. O sertanejo era “antes de tudo um forte”, “a rocha da nacionalidade”, no falar de Euclides de Cunha.
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Assim começou a modernidade brasileira. Com a arrogância paulista e o sangue nordestino (não o da casa-grande, claro).

Alberto Luiz Schneider é Doutor em História pela Unicamp. Foi Pesquisador Associado do Departamento de Português e Estudos Brasileiros do King’s College London). Atualmente é Professor de História do Brasil da Universidade Camilo Castelo Branco – Unicastelo (São Paulo-SP)


Texto publicado originalmente na Revista Real em sua edição de novembro de 2010. http://www.revistareal.com/nov10.php

sábado, 20 de novembro de 2010

Vídeo & Experiência

As construções intelectuais dinamizadas pelos pensadores da nominada Escola de Frankfurt, principalmente por M. Horkheimer, T. Adorno e W. Benjamin trouxe à baila novos subsídios do conhecimento historiográfico, principalmente aquelas a respeito da disseminação da reprodutibilidade técnica da arte, com agudo envolvimento dos elementos de áudio e/ou vídeo.
Em nosso tempo-presente, a dinâmica das redes de comunicação permitiu que a disponibilidade de imagens estáticas ou em movimento permitiu uma maior acessibilidade das diversas espacial-temporalidades entre o final do século XIX e o XXI.

Dessa forma, o blog TEMPO & EXPERIÊNCIA postará vídeos para o estimulo de novas discussões.


Os três primeiros vídeos apresentam cenas da Coroação do Tzar Nicolau II (1896), dois fragmentos com A Rainha Vitória (1896) e uma coletânea com diversas filmagens realizadas entre 1896 e 1908.

Aproveitem
Prof. Fernando F. de Camargo






quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Início


Hoje, 18 de Novembro de 2010, o colegiado do curso de História da Unicastelo teve uma ideia e uma iniciativa: criar um blog, capaz de conectar alunos, professores e outros interessados. Trata-se de um canal permanentemente aberto, onde podemos dialogar em múltiplas direções, desde as comezinhas demandas domésticas até os grandes problemas de nosso tempo.
Contra a letargia, nossa proposta é o ativismo intelelectual, o ativismo social e o ativismo político. Marc Bloch, em Apologia da História, afirma quem pensa melhor o passado, pensa melhor o presente, tanto quanto o inverso. Logo, esse espaço pretende debater o presente e o passado, o bairro e o país, a tese e a antítese.
Todos os frequentadores estão convidados a participar, postando textos e comentando ideias, num clima de pluralidade, liberdade e criação intelectual. Se a linguagem é a expressão do pensamento, façamos dela nossa ferramenta.
Os professores